quarta-feira, 25 de abril de 2012

Palpite 2: "Mãe, pai, preciso contar uma coisa para vocês..."

Historinhas hipotéticas:

Situação-revelação 1:
- Mãe, preciso te contar uma coisa... Eu como aveia no café da manhã!!!!!!!!

Situação-revelação 2:
- Pai, tem uma coisa sobre mim que você não sabe... Quando eu tomo banho eu sempre começo a me ensaboar pelos pés!!!!!!!

Situação-revelação 3:
- Chefe, a gente precisa conversar... Você precisa saber que eu saio pra passear com meus cachorros nos domingos de manhã!!!!!!!!

Você deve estar pensando: “Hã????? WTF????” Pois é, ao escrever essas situações eu realmente queria que elas parecessem sem sentido. Queria que vocês leitores e leitoras pensassem: Mas e daí? O que tem demais o sujeito comer aveia no café da manhã? Essa é uma ótima pergunta... Não tem nada demais! Cada um come o que quiser, não é mesmo? E se a pessoa tem um ritual para tomar banho, por exemplo, isso não afeta em nada a minha vida. Nem ela passear com cachorros. Aliás, passear com o cachorro nem parece ser uma revelação, já que uma hora outra as pessoas acabariam percebendo esse hábito...

Então... Eu sonho com o dia em que dizer para alguém: “Sou gay/lésbica”. Se pareça tão sem sentido quanto às frases anteriores. Um dia em que essa revelação não seja necessária. Mas infelizmente ainda não é assim que acontece.
Para piorar ainda tem um agravante: falar sobre orientação sexual não é como o café da manhã, onde beber leite ou suco tem o mesmo poder de significar nada e não ser da conta de ninguém. No caso da orientação sexual, esta só se precisa ser revelada por um grupo específico: aquele que foge à heteronormatividade.

A orientação sexual de alguém só interessa, só causa polêmica, quando foge a esse padrão estabelecido. Ninguém precisa se assumir heterossexual. Ninguém discute quando o fulan@ se tornou heterossexual. Ou se foram as amizades que o influenciaram a ser hétero. Ou se o fato de ele ter pais e mães sempre presentes acabou por fazê-lo se espelhar naquele tipo de relação heteroafetiva. Ou ainda se ele teve relações suficientes com pessoas do mesmo sexo para ter certeza de que gosta do sexo oposto.

O estranhamento só existe de um lado da moeda! O preconceito está aí, o que faz com que os homossexuais precisem lidar com a questão “sair do armário”. Contar ou não contar? Quando? Como? Para quem? Bom, cada um decide sua hora, mas acho que o bom senso e a naturalidade é a melhor saída.

Essa é a história de como um amigo meu se assumiu para a mãe:

A mãe foi busca-lo na rodoviária depois de uma viagem. Sabendo que o filho havia tido problemas com o cartão do banco na hora de comprar a passagem da volta, ela perguntou:

- Filho, como você fez para comprar a passagem?
- O Ricardo me emprestou dinheiro.
- Quem é esse Ricardo que eu não conheço?
- Meu namorado.
- (Mãe batendo o carro!)

Brincadeiraaaaa. Foi só pra descontrair, não houve acidentes. Mas a história é verídica e eu adoro ela! Comecei a me inspirar nesse meu amigo.

Afinal, se eu me considero normal, se acho a homossexualidade como uma coisa natural porque colocar um peso tão grande em revelações?

É óbvio que algumas pessoas precisam ser informadas, porém nem sempre é preciso fazer um evento ou entrar em pânico ensaiando o discurso na frente do espelho. O primeiro passo para a sociedade enxergar algo como natural é agirmos naturalmente. Aos poucos as pessoas acabam vendo ou descobrindo. Algumas vão te julgar por isso, mas outras não. E você nem sempre tem que dar satisfação sobre isso! Pode ligar o “foda-se” de vez em quando...

Exista, viva, seja! Naturalmente e feliz.

Se você passeia com seu cachorro aos domingos, começa o banho lavando os pés, ou beija mulheres são detalhes. Quem estiver perto um dia acaba descobrindo e você continua sendo você. Seu coração sabe disso e quem quiser que te abrace.

Porque não começar mostrando a si mesm@ que amar as pessoas é ainda mais simples que comer aveia? ;)

quarta-feira, 28 de março de 2012

Palpite 1


Já algum tempo eu tive ideia para esse blog, mas não havia colocado em prática.

Esses dias depois de assistir 4 episódios de “The L word” seguidos comendo uma tigela inteira (daquelas de tomar sopa) de doce de leite com biscoitos amanteigados de chocolate, me dei conta de que era 2h30 da manhã de uma segunda-feira... Estava prestes a tomar consciência da carência em que estava a minha figura quando pensei: é a hora.

E aqui estamos.

Para falar sobre coisas sérias (porque discriminação e preconceito são coisas muito sérias!!) e também para dar algumas risadas (porque a vida precisa ser divertida). Daí o nome com duplo sentido: Palpitações. São palpites, opiniões sobre algumas coisas... Coisas que representam aquilo que pulsa em mim. Algumas histórias inventadas, outras nem tanto.

Sejam bem-vind@s.